quarta-feira, maio 16, 2007

o inferno vai começar

Não tarda nada o país vai começar a arder. A época dos incêndios está aí à porta e, a acreditar nos prognósticos para os próximos meses de que faz eco a comunicação social, o mercúrio dos termómetros irá subir para valores jamais registados. O inferno vai começar.
Será oportuna a saída do ministro António Costa e a passagem de testemunho a Rui Pereira no Ministério da Administração Interna? Há quem responda prontamente que não, argumentando que desse modo estão em causa importantes reformas em curso, as quais fazem parte do Plano de Reestruturação da Administração Central do Estado. A meu ver, isso é sobrevalorizar a competência do ministro cessante (tê-la-á, não duvido), pondo em questão as capacidades de quem ainda não deu provas nessa área. Eu alinho na opinião daqueles que consideram que a remodelação do executivo é oportuna, em proveito porventura do próprio e fundamentalmente do Primeiro Ministro. Porquê? Duas razões. Primeira, porque António Costa, face aos candidatos de direita que se perfilam, não terá dificuldade em vencer as eleições para a Câmara de Lisboa, caso não cometa erros de maior (improvável) e saiba colar-se aos programas dos candidatos situados mais à esquerda. Segunda, porque desse modo José Sócrates entrega ao seu número dois um presente envenenado (governar um município ingovernável no contexto das leis promulgadas), e coloca-o mais longe de uma sucessão mais do que legítima, se tivermos em conta o seu perfil e a sua personalidade (ser futuro Primeiro Ministro). É este o sentido da socratização do governo.
É com pena que prevejo a vitória de António Costa. Prefiro, no contexto da política autárquica, a democracia dos cidadãos à democracia partidária.
Entretanto, fica a dúvida: não irá António Costa fugir ao inferno dos fogos que se avizinham para ser queimado na fogueira de uma Câmara ardente?

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