quinta-feira, novembro 20, 2008

aconteceu hoje

Depois de ter estado presente na reunião extraordinária do Conselho de Ministros – marcada pelo governo para hoje, em que certamente se discutiram um conjunto de medidas que permitissem a salvação política da ministra da educação, através da implementação de um “simplex” na avaliação dos docentes, permitindo desse modo dar um novo fôlego ao processo – Maria de Lurdes Rodrigues correu para as televisões para anunciar que o seu nado-morto sobrevivera. Pouco depois das 18 horas, na SIC, e sobretudo às 21 horas, na RTP1, no programa de Judite de Sousa, a “Grande Entrevista”, a ministra da educação, agora mais humilde e reconhecendo alguns dos erros que cometeu, anunciou recuos e cedências (a que de forma eufemística chamou normais processos de aprendizagem inerentes ao processo inédito). Tudo isto num esforço último de sobrevivência política de um modelo de avaliação que, nas últimas semanas, somou críticas e reparos em catadupa, oriundos de todos os quadrantes da sociedade, inclusivamente do seio da família socialista. A imagem dela mudou perante as câmaras da televisão. A rigidez e a crispação, o autoritarismo e o autismo, deram lugar à aparente dulcificação nos modos, à abertura e ao diálogo. No resto, no essencial, foi igual a si própria: intelectualmente débil, recorrendo excessivamente à retórica vazia de um discurso mecânico mas sem substância; politicamente inábil, evidenciando as fragilidades próprias de quem não nasceu para o cargo. Mais do que isso, porfiou, com argumentos fracos e sem consistência, na defesa do indefensável. Os responsáveis sindicais já perceberam que não só cederá mais, nas negociações que amanhã serão retomadas, como não está em condições de dizer não às exigências que lhe apresentem, desde que não seja a de deixar cair o sistema de avaliação. Pois essa é mesmo a tábua de salvação da ministra e do governo. Cabe-lhes agora a palavra decisiva. Hábeis negociadores e treinados em lutas de décadas, fortalecidos por uma classe que soube dar lições (não apenas nas salas de aula) de persistência e abnegação que o espírito da justiça confere, recai-lhes sobre os ombros uma enorme responsabilidade. É bom que não se esqueçam que a primeira responsabilidade é para com aqueles que lhe devolveram a alma – os professores.

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