O mundo Bio está na moda. A crescente valorização do biológico constitui, hoje por hoje, um dos sinais dos tempos. Desde que o mistério da descodificação da estrutura do DNA do genoma humano foi resolvido, o mundo tornou-se mais bio. Apareceram saberes novos como resultados da articulação da biologia com outras áreas científicas (a bioinformática, a biotecnologia, etc.) que nos transportam para o reino da ficção científica de ontem ou para o mundo do amanhã. Os sonhos e as utopias do passado transformam-se, num ápice, na realidade do presente possível ou mesmo no “futurível” dos dias mais próximos. Nisto tudo, o que está em jogo é a definição do humano.
A moda do bio tem outras facetas menos distantes e mais comezinhas. A tal ponto assim é, que não é descabido falar de uma visão do mundo com contornos biológicos – uma “weltanschauung” bio. Se olharmos em redor, constatamos a marca bio por tudo quanto ocupa espaço e tem duração, mesmo que efémera. Efémera mas mágica. São os iogurtes que, para além dos mil e um sabores, se dizem bio, hambúrgueres bio, cereais bio, shampoos e detergentes bio, maquilhagem e roupas bio. Tudo isto e muito mais invadiu a nossa atmosfera quotidiana que de biológica pouco mais aparenta ter que o nome.A pujante moda bio é como o Toyota – veio para ficar. Em expansão parece estar também a agricultura biológica. Num repente, os consumidores com algum poder económico descobriram os benefícios da agricultura biológica. E vai daí, não só desataram a gastar os consumíveis de pretensa origem biológica como, para além disso, formaram eles próprios uma confraria com alguns contornos religiosos. Entre eles, já não é a razão que determina os usos e os costumes, os actos e os rituais, mas sobretudo a fé. Ora, nestas coisas, como em tudo o resto, a fé é adversária da sã razão. A fé é por norma maniqueísta, fundamentalista, e tudo vê a preto e branco. A falácia do falso dilema é uma constante no raciocínio dos fundamentalistas da (agri)cultura biológica: se não estás connosco, és contra nós. Ou natural ou artificial. A diabolização de tudo o que não aparenta ser biológico é uma consequência inevitável do entendimento estreito desses paladinos da vida imaculadamente bio – dos transgénicos ao papel higiénico, do “fast food” aos fármacos. Não pretendo dizer que não lhes assista razão alguma. O que não entendo é por que razão as cenouras que comprei numa loja de agricultura biológica, no último fim de semana, tem de ser apresentadas cheias de terra (dando a ilusão que foram acabadas de arrancar) e se encontravam expostas ao lado de umas couves portuguesas envolvidas num plástico, que lhes emprestavam um ar asséptico. Assim como não entendo a razão dos preços exorbitantes de muitos dos produtos, como por exemplo o dos queijos frescos (de que só tomei conhecimento na caixa quando estava prestes pagar). A não ser que a fé cega própria dos fundamentalismos tudo justifique, sobretudo a ausência de espírito crítico de muitos dos consumidores convertido à moda do mundo bio.
A moda do bio tem outras facetas menos distantes e mais comezinhas. A tal ponto assim é, que não é descabido falar de uma visão do mundo com contornos biológicos – uma “weltanschauung” bio. Se olharmos em redor, constatamos a marca bio por tudo quanto ocupa espaço e tem duração, mesmo que efémera. Efémera mas mágica. São os iogurtes que, para além dos mil e um sabores, se dizem bio, hambúrgueres bio, cereais bio, shampoos e detergentes bio, maquilhagem e roupas bio. Tudo isto e muito mais invadiu a nossa atmosfera quotidiana que de biológica pouco mais aparenta ter que o nome.A pujante moda bio é como o Toyota – veio para ficar. Em expansão parece estar também a agricultura biológica. Num repente, os consumidores com algum poder económico descobriram os benefícios da agricultura biológica. E vai daí, não só desataram a gastar os consumíveis de pretensa origem biológica como, para além disso, formaram eles próprios uma confraria com alguns contornos religiosos. Entre eles, já não é a razão que determina os usos e os costumes, os actos e os rituais, mas sobretudo a fé. Ora, nestas coisas, como em tudo o resto, a fé é adversária da sã razão. A fé é por norma maniqueísta, fundamentalista, e tudo vê a preto e branco. A falácia do falso dilema é uma constante no raciocínio dos fundamentalistas da (agri)cultura biológica: se não estás connosco, és contra nós. Ou natural ou artificial. A diabolização de tudo o que não aparenta ser biológico é uma consequência inevitável do entendimento estreito desses paladinos da vida imaculadamente bio – dos transgénicos ao papel higiénico, do “fast food” aos fármacos. Não pretendo dizer que não lhes assista razão alguma. O que não entendo é por que razão as cenouras que comprei numa loja de agricultura biológica, no último fim de semana, tem de ser apresentadas cheias de terra (dando a ilusão que foram acabadas de arrancar) e se encontravam expostas ao lado de umas couves portuguesas envolvidas num plástico, que lhes emprestavam um ar asséptico. Assim como não entendo a razão dos preços exorbitantes de muitos dos produtos, como por exemplo o dos queijos frescos (de que só tomei conhecimento na caixa quando estava prestes pagar). A não ser que a fé cega própria dos fundamentalismos tudo justifique, sobretudo a ausência de espírito crítico de muitos dos consumidores convertido à moda do mundo bio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário