Oito mil professores manifestam-se em frente à Assembleia da República contra as políticas educativas do governo socialista. Depois da manifestação dos cento e vinte mil, precisamente há uma semana, voltaram à rua para exigir a substituição de Maria de Lurdes Rodrigues e a suspensão imediata do modelo de avaliação dos docentes. Voltaram à rua: para dizer que a sua luta não se reduz a uma defesa (legítima, num sistema democrático) de interesses corporativos; para gritar em uníssono que estão fartos da desconsideração de que sistematicamente são alvo, por parte do executivo; para dizer que não os amedrontam ameaças veladas ou explícitas; para contestar a atitude autista e despótica do governo, inadmissível num regime político pluralista; para acusar o governo de pretender uma vez mais enganar os portugueses; para mostrar que não são uma cambada de carneiros às ordens de nenhum pastor; para demonstrar que em democracia as decisões se tomam pela força dos argumentos e não por argumentos de autoridade; para expressar a sua indignação e o seu veemente repúdio pelas insinuações maldosas e irresponsáveis que alguns membros do governo proferiram na última semana, a propósito das manifestações dos estudantes do ensino secundário. Voltaram à rua para simplesmente afirmar que a luta continua, que a luta é sem tréguas e com consequências políticas, nem que mais não seja a de constatar que a democracia portuguesa está viva. Esta foi uma vez mais uma lição de democracia.
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