quarta-feira, março 04, 2009

um partido político ou uma seita religiosa?

O Congresso Socialista que ocupou mediaticamente a vida dos portugueses no fim-de-semana último traduziu-se num fenómeno medíocre do ponto de vista político. O vazio de ideias e a ausência de debate, de confronto argumentativo, marcaram indiscutivelmente o encontro dos socialistas em Espinho. O que mais impressionou, para além de todo o aparato cénico concebido em formato obamista, onde predominou a tonalidade azul insinuando um mar imenso de tranquilidade, foi a onda de unanimidade que se congregou em torno da figura do líder. Em nenhum momento se sentiu um acorde mínimo de discordância. Nenhuma vibração de antagonismo pairou nessa ambiência seráfica, propícia ao entoar de cânticos e loas às virtudes inquestionáveis do candidato a futuro Grande Irmão. O primeiro momento serviu para exorcizar as potências maléficas da campanha negra. Ungido o redentor da confraria dos irmãos, seguiu-se uma explosão de sucessivas emanações da divindade, deixando em êxtase a totalidade dos fieis. Ao correr do tempo, aqui e ali, ouviu-se alguém vociferar impropérios ao maligno. Dos anjos caídos ausentes, nem uma palavra. Calaram-se os seus nomes não para os esquecer, mas para que não se contaminassem os átomos dessa atmosfera impoluta. No final, o líder supremo pronunciou um nome… nasceu um apóstolo mais para espalhar a palavra do Senhor.

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