quinta-feira, março 05, 2009

a crise também será...canina

A crise é profunda e está para durar. O que se pretende dizer com isto? Que a dimensão da crise atinge múltiplos sectores da vida económica institucional e familiar, pública e privada, colectiva e individual; que é internacional; e que provavelmente se estenderá para lá dos próximos dois ou três anos. O enunciado, como todos os que se referem a factos intra-mundanos, pode vir a revelar-se verdadeiro ou falso. O futuro o dirá. Quer se venha ou não a confirmar, cada dia que passa corrobora a sua veracidade. A banca socorre-se do aval do estado, faz empréstimos, revela dificuldades. As empresas reclamam ajuda, declaram falência, despedem trabalhadores. O desemprego real cresce a olhos vistos, desmentindo os números institucionalmente cozinhados. O cidadão comum olha o horizonte e recusa-se a acreditar que a esperança num porvir melhor não passou de uma ilusão que o passado lhe vendeu caro. E à semelhança das pessoas mais idosas, na sua maioria, está cada vez mais convencido que o melhor da sua vida se encontra algures no passado. O número de pedintes aumenta todos os dias, e a pobreza envergonhada já não tem mais com que esconder o que revelar não queria. Aumenta também o número dos cães abandonados. Quando a crise mostrar o seu rosto mais duro, lá mais para o Verão, os cães ao abandono formarão pequenas matilhas esfaimadas. Será apenas mais uma das faces da crise. Afinal crise também será… canina.

Nenhum comentário: