domingo, junho 03, 2007

Ao domingo à noite, na RTP1 e em horário nobre, o professor Marcelo continua a representar o seu papel de actor medíocre. Acompanhado pela jornalista - sua "partenaire" nesse jogo do faz de conta idiota para consumo de papalvo - não se coíbe de dar corpo e espírito a uma encenação que chega a comover pelo ridículo e pelo kitsch. Bem sei que o formato está feito para ser consumido por um incontável número de pessoas que não abona em capacidade crítica. Ou para ser passivamente absorvido à hora soporífera que antecede o sono ou o pesadelo da semana que se avizinha. Mas assim tanto também não. É de mais! Os comentários, da política ao futebol, passando pelo fait-divers, são de cair para o lado, literalmente. Lugares-comuns, preconceitos, ideias de pacotilha e observações pré-fabricadas, tudo somado dá um chorrilho de alarvidades que um dia ainda farão as delícias dos pesquisadores futuros dos pretéritos tesourinhos deprimentes .E uns maneirismos de puxar ao arremedo.É por isso, justamente por isso, que os sketches do Gato Fedorento sobre o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem a preferência do grande público, logo a seguir aos que têm por objecto o inenarrável Paulo Bento, treinador do Sporting.
Duas observações apenas, para justificar a bílis repentina que libertei ao ver mais um episódio dessa novela chamada As escolhas de Marcelo.
Primeira: as notas que ele dá aos políticos da nossa república das bananas assemelham-se aquele professor porreiraço que encara a turma com olho de pediatra - um auditório de gente sofrida e traumatizada a quem um 9 é já um sério sintoma de perturbações sérias e inultrapassáveis; segunda: os livros e o modo como os apresenta constituem a mais infeliz tentativa de ilusionista, desse mesmo ilusionista a quem os truques saem lentos e sem jeito. A quem pretende o professor Marcelo enganar, ao simular desse modo infantil (lendo e treslendo capas e contra-capas) capacidades supersónicas de super-homem de leituras diagonais à velocidade do relâmpago? Enganar precisamente uma quantidade de iletrados funcionais que fogem dos livros como o diabo da cruz. E consegue.

Um comentário:

popeline disse...

Não podia estar mais de acordo. Ao menos os bobos da corte entretinham e divertiam. Este só maça. Um homem que se dispõe a uma comedia semanal tão má é muito vaidoso, mas pouco inteligente.