domingo, junho 24, 2007

Num país de brandos costumes e de atitude indiferentista em relação a assuntos de cidadania participativa, uma questão importante seria a de saber que ideia têm os portugueses do Estado. Não confundamos as coisas. Não se trata de saber qual é a opinião que os cidadãos lusos têm, hoje por hoje, dos políticos em geral e do governo em particular. Isso sabe-se. Qualquer sondagem nos transmite com facilidade esses dados. Melhor seria ficarmos a saber o conhecimento médio que temos em matéria de política. Suponho que seja sofrível, para não dizer medíocre. Mas creio que nenhuma sondagem ou estudo de opinião nos diga, a propósito, nada de significativo.
O que é o Estado? Será o Estado sinónimo do governo? O que caracteriza um regime democrático? Que distingue democracia directa de democracia representativa? Será aquela possível na actualidade? Que outros regimes políticos existem para além da democracia? Por que razão é a democracia preferível? Quais as debilidades do regime democrático? O que distingue, no essencial, cidadania passiva de cidadania activa ou participativa? É a democracia possível para além do sistema partidário? Eis algumas questões - outras seriam igualmente importantes - com que gostaria de confrontar a maioria dos portugueses. Porquê? Para avaliar a sua consciência política. E dessa avaliação tirar ilações. Talvez venha a ser necessário introduzir nos "curricula" escolares, como obrigatória, uma disciplina de cidadania política. Lembro que após o 25 de Abril houve uma disciplina de Introdução à Política. Foi ela que me permitiu ter algumas noções básicas da matéria em questão.
Dizia Aristóteles ser o homem um animal político. Esta identidade é hoje renegada ou apenas lembrada para a aplicar a alguns políticos da nossa praça. Ao olhar para a nossa gente do presente e do amanhã, parece-me antes sermos fundamentalmente animais apolíticos, o que, na opinião de Aristóteles significaria sermos animais ou deuses. Da a impossibilidade de sermos deuses, resta-nos a animalidade.

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