quinta-feira, outubro 09, 2008

a lógicas das declarações do governo

José Sócrates, na sequência de Teixeira dos Santos, garante-nos que as nossas poupanças – o seu depósito bancário – estão asseguradas. Em tempos de incerteza no que ao sistema económico capitalista diz respeito, estas afirmações parecem-me no mínimo duvidosas. E como tal, dão que pensar. O capitalismo, se não está em agonia, parece um “adiado cadáver que procria”, como disse o poeta. Procria acontecimentos em cadeia: as bolsas que caem à razão inversa do quadrado da confiança, a insolvência dos mercados e das instituições financeiras, a falta de liquidez da banca e das pequenas e médias empresas, despedimentos e precariedade laboral, o aumento do crédito mal parado, a subida da inflação e a contenção salarial, o depauperamento da classe média, etc., etc.
No entanto, a mensagem do chefe do executivo como eco da afirmação do ministro das finanças tem, no mínimo, duas leituras possíveis que formam ambas uma proposição disjunta exclusiva: ou "o estado assegura na íntegra todas as poupanças, qualquer que seja o seu montante" ou "o governo garante aquilo que não existe para os portugueses, justamente as poupanças". Ora, em boa lógica, este tipo de disjunção só é verdadeira quando só uma delas é verdadeira. Eu aposto que a primeira é falsa.

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