quinta-feira, outubro 16, 2008

Magalhães do nosso descontentamento

O Magalhães está a dar que falar. Quinhentos anos depois da viagem de circum-navegação, ei-lo que regressa às bocas do mundo. Como o seu homónimo que fez furor pelas auto-estradas oceânicas fora, capitaneando as suas “caravelas quinhentistas”, este – que também garantem ser 100% português – percorre as auto-estradas da informação e é já um dos assuntos de eleição cá no burgo. Nem sempre pelas melhores razões. É a má-língua viperina dos portugueses a destilar o seu mais puro veneno. A coisa começou ainda Agosto não tinha findado. José Sócrates anunciava o Magalhães como se da oitava maravilha se tratasse. Era o sinal mais evidente de que o Portugal da era socrática se tornara um país ultramoderno, modernista, cavalgando a crista da onda em matéria de criação informática. No início de Setembro, membros do governo e do ministério da educação somaram juntos milhares e milhares de quilómetros para distribuir às nossas criancinhas a pérola mais apetecida das tecnologias da informação e da comunicação. E anunciaram que no presente ano lectivo tencionavam entregar quinhentos mil computadores aos alunos a preços que variariam entre o zero e os 50 euros. Entretanto, Hugo Chavez, num dos seus encontros com o nosso primeiro-ministro, comprometeu-se a comprar Magalhães aos milhões. Tudo corria sobre rodas. O Magalhães vivia num mar de rosas. Depois veio o Pacheco Pereira e tudo azedou. Nas suas cinquenta mil palavras escritas diariamente, uma vinte mil soavam a Magalhães. E não era para enaltecer a máquina. Em seguida, o Magalhães apareceu nas rábulas humorísticas dos Contemporâneos e dos Gatos Fedorentos. O gozo foi danado e o povo riu a bandeiras despregadas.
As últimas notícias das aventuras do Magalhães são hilariantes. Não certamente para os incondicionais amantes do humor british, clube de que fazem parte certamente os inenarráveis responsáveis do governo e do ministério da educação. A história conta-se em duas palavras. No You tube apareceram uns vídeos que, supostamente, terão resultado de trabalhos inspirados em acções de formação que alguns professores se viram forçados a frequentar – parece que foram convocados e não convidados. Os referidos vídeos podem ser vistos no You Tube (se entretanto não foram retirados) nas seguintes moradas: http://www.youtube.com/watch?v=9QOtoUeJyRk; http://www.youtube.com/watch?v=98hxq50Bq3o.
A coisa ainda vai dar para o torto.

Um comentário:

SM disse...

Peço desculpa pelo tempo de antena. Foi-lhes deixado o desafio de colaboração para uma causa aqui. Provavelmente não deram conta. É uma causa de todos. Se puderem, colaborem.