Apetece-me exclamar: como o mundo mudou! Esta coisa da internet alterou radicalmente, na última década, o “modus vivendi” do cidadão comum. Para o bem e para o mal. A evidência disto é tão óbvia que quase não nos apercebemos do seu radicalismo. É nos pequenos pormenores do nosso quotidiano que melhor podemos constatar a dimensão da mudança. Para isso, basta um olhar comparativo, pondo em confronto situações similares separadas por um hiato temporal de dez anos.
No Verão de 1998 fui passar um período de cinco dias às Astúrias. Durante meses – dava eu os primeiros passos como utente da internet – naveguei interminavelmente pelos “sites” disponíveis (poucos), procurando informação turística e sobretudo deliciando-me com a aventura da descoberta. Esta ferramenta que hoje utilizo diariamente contituía, para mim, um oceano de promessas, mas também um mar de desconfianças. Apesar de ter encontrado “on-line” os hotéis onde nos alojaríamos, meses depois, os contactos e as marcações fi-las por telefone, não fosse o diabo tecê-las. Nos cinco dias que passei nas Astúrias, há dez anos, não tomei conhecimento de nenhum dos acontecimentos que marcaram então a vida em comum dos portugueses. Fiz apenas dois telefonemas, de cabines públicas, para familiares. Somente quando regressei, me fui inteirando das novidades que a televião e os jornais divulgavam em prol do serviço público.Na semana passada fui passar cinco dias à Andaluzia. Ao longo de semanas, recolhi, via on-line, informação abundante sobre as localidades que pretendia visitar, bem como sobre os hotéis que me poderiam interessar. Armazenei toda a informação em pastas e sub-pastas – resenhas históricas, calendários de festividades, guias turísticos, recomendações gastronómicas, etc, etc... Marquei os hotéis, paguei com cartão visa, tentei marcar e comprar os bilhetes para visitar o Allambra (não o consegui porque já estavam esgotados), tracei os itinerários, calculei as distâncias e o consumo de combustível, imprimi mapas das cidades, e o diabo a sete, tudo isso à distância de um clic, como diz o anúncio publicitário. Durante a estadia, comprei jornais espanhóis (não comprei portugueses porque não os encontrei) e consultei regularmente a net (onde consultei jornais portugueses). Ao segundo dia, em Estepona, depois de tomar o pequeno almoço no hotel, fui consultar o meu mail e deparei com uma mensagem que me enviava para um endereço do You Tube, onde supostamente podia visualizar uma video, gravado por um aluno. Neste mundo global, tive a oportunidade de ver, tendo como horizonte o Mediterrâneo, o retrato de indisciplina numa sala de aula que, dias antes, ocorrera numa escola do Porto. Nos dias seguintes, acompanhei o caso, até quase à náusea, pela net e pela RTP internacional. Mas isso é outra estória. Ou talvez não...
No Verão de 1998 fui passar um período de cinco dias às Astúrias. Durante meses – dava eu os primeiros passos como utente da internet – naveguei interminavelmente pelos “sites” disponíveis (poucos), procurando informação turística e sobretudo deliciando-me com a aventura da descoberta. Esta ferramenta que hoje utilizo diariamente contituía, para mim, um oceano de promessas, mas também um mar de desconfianças. Apesar de ter encontrado “on-line” os hotéis onde nos alojaríamos, meses depois, os contactos e as marcações fi-las por telefone, não fosse o diabo tecê-las. Nos cinco dias que passei nas Astúrias, há dez anos, não tomei conhecimento de nenhum dos acontecimentos que marcaram então a vida em comum dos portugueses. Fiz apenas dois telefonemas, de cabines públicas, para familiares. Somente quando regressei, me fui inteirando das novidades que a televião e os jornais divulgavam em prol do serviço público.Na semana passada fui passar cinco dias à Andaluzia. Ao longo de semanas, recolhi, via on-line, informação abundante sobre as localidades que pretendia visitar, bem como sobre os hotéis que me poderiam interessar. Armazenei toda a informação em pastas e sub-pastas – resenhas históricas, calendários de festividades, guias turísticos, recomendações gastronómicas, etc, etc... Marquei os hotéis, paguei com cartão visa, tentei marcar e comprar os bilhetes para visitar o Allambra (não o consegui porque já estavam esgotados), tracei os itinerários, calculei as distâncias e o consumo de combustível, imprimi mapas das cidades, e o diabo a sete, tudo isso à distância de um clic, como diz o anúncio publicitário. Durante a estadia, comprei jornais espanhóis (não comprei portugueses porque não os encontrei) e consultei regularmente a net (onde consultei jornais portugueses). Ao segundo dia, em Estepona, depois de tomar o pequeno almoço no hotel, fui consultar o meu mail e deparei com uma mensagem que me enviava para um endereço do You Tube, onde supostamente podia visualizar uma video, gravado por um aluno. Neste mundo global, tive a oportunidade de ver, tendo como horizonte o Mediterrâneo, o retrato de indisciplina numa sala de aula que, dias antes, ocorrera numa escola do Porto. Nos dias seguintes, acompanhei o caso, até quase à náusea, pela net e pela RTP internacional. Mas isso é outra estória. Ou talvez não...
Um comentário:
Uns em Espanha a comer tapas. Outros em Portugal a levar com a história da Carolina, da Michaelis e do telemóvel em todas as tascas e cafés deste país. de manhã à noite, porsupuesto.
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