Ou muito me engano, ou a crise financeira que vivemos nos dias de hoje é um sintoma de que algo vai mal neste mundo globalizado. A doença alastra. As metástases disseminam-se e vão tomando conta, paulatinamente, dos tecidos sociais do organismo mundial. O cancro tem dá pelo nome de neoliberalismo, essa ideologia que se pregoa ao quatro ventos como a última encarnação da verdade, o “fim da história”, a terra prometida dos eleitos que sucederia ao “último homem”, o arauto do niilismo. Lembram-se da canção do Zeca Afonso que nos falava dos “Vampiros”? Não será esta a “peste” actual da nova Idade média? A Idade média dos tempos sombrios, mascarados de lantejoulas e de hedonismo, em que a salvação toma o rosto de uma promessa: a dos cinco minutos de fama nessa janela dos idiotas que é a televisão. O remédio é amargo, pois provoca a dor das desilusões desfeitas. Bebamo-lo todo inteiro de um trago, e brindemos a um futuro por inventar. Urge reinventar novos mitos, mitos humanistas que nos devolvam o ser humano pleno, aquele que encara o seu semelhante não como uma mercadoria, que o convida para a partilha do pão (um companheiro) e para a festa da repartição justa do bem público. Finda a nova Idade média, do que precisamos é de um Renascimento renovado.
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