sexta-feira, abril 20, 2007

o engenheiro do futuro

Muito se tem opinado, nas últimas semanas, sobre o percurso académico do Primeiro Ministro. Nos jornais, na televisão, na blogosfera, nos cafés, enfim, um falatório que não tem fim. Às datas da controvérsia somam-se os papéis da incerteza. Tudo isto a marcar a agenda política do executivo e a ordem de trabalhos do nosso quotidiano mesquinho até à náusea. O tema é sem dúvida pertinente, nem sempre pelas razões evocadas. É tão ridículo pretender que o título de engenheiro seja sequer condição necessária para dirigir o destino do país como mencionar um título que não se possui. Nesta matéria, como diz o povo, estão uns para os outros. O que importa saber, desde já, é se o Primeiro Ministro alguma vez exibiu capacidades para exercer o papel de "engenheiro do futuro". Alguns apostam a cabeça que sim; outros juram a pés juntos que não. Determinação, coragem e persistência são alguns dos atributos que se colam à personalidade de José Sócrates. Mas também arrogância, temeridade e teimosia. A fronteira é ténue, indefinida, um fio de horizonte nem sempre nítido, nem sempre visível. Uma das virtudes humanas mais importantes para quem está ao leme da nau do Estado é a memória. Não se contrói o futuro sem ela. É a sua falta vício tamanho e imperdoável. Os portugueses podem perdoar muita coisa ao Primeiro Ministro. Perdoarão concerteza os pequenos pecadilhos de carácter. Mas ir-lhe-ão certamente cobrar a ausência de memória. Seria de todo conveniente que José Sócrates desperdiçasse um pouco do seu tempo a ler os grandes autores, precisamente aqueles que mais fundo mergulharam no insondável da natureza humana. Aqui vão uns aforismos, Sr. Primeiro Ministro. Leia, medite e reflicta. Uma pessoa tem de ter boa memória para ser capaz de cumprir as promessas que faz (Friedrich Nietzsche). Os vícios são frequentemente virtudes levadas ao extremo (Charles Dickens). Uma vontade, mesmo boa, deve ceder a uma melhor (Dante Alighieri). Há muito tempo que o meu axioma é de que as pequenas coisas são infinitamente as mais importantes (Arthur Conan Doyle). O mal dos que se crêem na posse da verdade é que, quando têm de o demonstrar, não acertam uma (Camilo José Cela). As pessoas podem duvidar do que dizes, mas acreditarão no que fizeres (Lewis Carroll). Aprenda enquanto é tempo. Aprender com os grandes mestres da literatura é infinitamente mais eficaz do que um título ou canudo, mesmo para um Primeiro Ministro. Sobretudo para este.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem vindo de regresso à blogoesfera. Creio que vamos continuar a ver o Primeiro por um canudo