terça-feira, abril 24, 2007

Gosto de romances históricos. Esse gosto talvez venha das resmas de livros aos quadradinhos que devorei na infância. Na época, as minhas preferências recaiam sobre dois heróis, Bufalo Bill e Robin Hood, cujas aventuras me deliciavam, alimentando deste modo os neurónios da minha imaginação. Ainda me lembro (estavamos no início da década de setenta) do preço: 2 escudos e 50 centavos por um conjunto de três.
Os romances históricos satisfazem a dupla necessidade de ilusão e de evasão que por vezes sinto: a primeira, a do romance propriamente dito, chamar-lhe-ei evasão espacial, por se tratar de um território desconhecido a que acedo e onde me instalo; a segunda, a histórica, a que chamarei evasão temporal, que me transporta para um tempo a que nunca acederei fisicamente.
Nos dias de hoje o romance histórico constrói-se com base em temas e figuras de referência, porventura devido ao grande êxito comercial do famigerado Código Da Vinchi: Jesus Cristo e os apóstolos (Maria Madalena incluída), os templários, Leonardo Da Vinchi, o santo Graal, os Manuscritos do Mar Morto, etc. Dir-se-ia que é um aspecto do Romantismo revisitado.
Uns dos últimos romances do género que li intitula-se A Comenda Secreta e foi escrito por dois autores portugueses: Maria João Pardal e Ezequiel Marinho. Trata-se de um romance pretencioso (com notas e bibliografia), apresenta lacunas básicas no enredo e, parece-me, tece um urdidura forçada a partir de factos impossíveis. Bem sei que um romance histórico não é nem pretende ser uma obra de ciência. Mas do verosímil ao inverosímil ou impossível vai uma distância intransponível.
Para contrapor ao mau gosto e ao trabalho descuidado dos dois romancistas uma obra ímpar: a biografia de D. Afonso Henriques escrita pelo professor José Mattoso. Imperdível.

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