domingo, novembro 05, 2006

O engenheiro José Sócrates parece apostado em governar o país de um modo autocrático, insensível às opiniões mais avisadas que, nos últimos tempos, têm reclamado contra medidas cuja justiça é no mínimo duvidosa. Será justo aumentar impostos e, por conseguinte, reduzir receitas, ao conjunto de reformados que ganha pouco mais de quatrocentos euros por mês? Será justo penalizar sistematicamente os funcionários públicos e diabolizá-los, como se a eles se pudesse assacar a responsabilidades da desgovernação do país nos últimos anos? Será justo permitir aos responsáveis do Ministério da Educação o cruel e inoportuno vilipêndio com que têm brindado os professores, como se fossem estes e não as desastrosas políticas educativas a causa do estado depauperado do saber manifestado pelas nossas crianças e jovens? Será justo permitir que a banca acumule lucros indecorosos, quando a maioria das famílias portuguesas vê aumentadas diariamente as percentagens do seu individamento à mesma banca? Será justo obrigar os cidadãos a cumprir com rigor a apresentação e o pagamento dos impostos e calar-se perante a evidência da falta de rigor das contas dos partidos políticos? Será coerente falar em nome da justiça quando dela se tem uma noção tão descabida e parcial?
Ainda não foi cumprida a primeira metade desta legislatura. É provável que na segunda metade o tom de governação mude, se aligeire a mão do carrasco, e esta se abra para pedir votos e confiança. Veremos então como o povo reage, que crédito irá dar ao homem que se mostrou como um verdugo sem complacência perante os fracos e desprotegidos do sistema. Aposto que o povo não é estúpido ao ponto de lamber a mão ao dono que injusta e impiedosamente o zurgiu. No futuro veremos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem vindo ao mundo maravilhoso dos blogues. Começar por zurzir no Sócrates que está feito Robin Hood às avessas, isto é, a roubar aos pobres para dar aos ricos parece-me um excelente augúrio. Um abraço e parabéns Chico da Popeline