sexta-feira, novembro 26, 2010

É preciso muito descaramento e… pouca imaginação.

O que aconteceria se um professor, ao ler dois trabalhos escritos por outros tantos alunos seus, no intervalo de umas horas, verificasse que ambos textos compartilhavam cerca de 80 % das palavras? Em princípio, nada. Talvez constatasse apenas que pessoas com a mesma afinidade etária, social e ideológica comungam de um léxico comum. No entanto, comparados os textos, se o professor aferisse que partilhavam 80 % das frases, com pequenas modificações apenas no início e fim das mesmas, concluiria certamente estar perante um acto fraudulento, a merecer, no mínimo, uma punição exemplar. Situação análoga foi descrita por dois jornalistas do Expresso, de 20 de Novembro de 2010: afirmam que o ministro das Obras Públicas, António Mendonça, e o seu secretário de estado, Paulo Campos, no 20º Congresso das Comunicações, do dia 18 de Novembro, proferiram discurso idêntico, na mesma sala, com um hiato de horas, provocando na assistência um autêntico efeito de déjà vu, de tal modo a réplica se assemelha ao original. Confrontado com o sucedido, o Ministério das Obras Públicas declarou “que a semelhança dos discursos se deve ao facto de a política do Governo ser a mesma.” No telejornal da RTP1, pude confirmar a constrangedora verdade da notícia. Dois oradores lêem, sem alma, um mesmo discurso desalmado, enaltecendo as virtudes das TIC para um putativo ganho económico do país, no futuro. Desta vez a justificação é outra: tudo de deveu a um lapso de envio de ficheiros. É caso para perguntar: terão sido traídos pelo choque tecnológico?

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