Cerca de 120 euros por mês é o preço, em média, que as famílias portuguesas das classes média e média alta (e as outras?) gastam com os seus filhos em explicações. Aproximadamente 1400 euros por ano e por filho. E tudo isto em virtude da legítima pretensão de garantir um futuro melhor à sua prole. Os números apresentados pelos investigadores da Universidade de Aveiro, por si só, dão que pensar. Não está em causa se as famílias, mesmo as de maiores rendimentos, gastam muito ou não em tempos de evidente crise económica. Também não se trata de especular acerca dos benefícios ou malefícios que as explicações acarretam à autonomia intelectual dos estudantes. A questão é, antes de tudo, política, e como tal deve ser formulada. Não estaremos perante uma privatização ou semi-privatização camuflada do ensino público? Se a resposta é afirmativa, impõe-se saber se, para garantir a equidade deste sistema de educação misto, não caberá ao estado distribuir pelas restantes famílias – as carenciadas – cheques-explicações no valor mensal médio de 120 euros. Ou alguém acredita que podem quaisquer outras medidas governativas acabar com os centros explicativos ou repor um mínimo de condições igualitárias de oportunidades de ensino?
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