José Sócrates falou ao país. Na entrevista desta noite, na RTP, dirigidas pelos jornalistas Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho, o primeiro ministro voltou a ser igual a si próprio como entrevistado - não responde às perguntas incómodas que lhe são colocadas e responde às perguntas que gostaria que lhe fizessem. No fundo, o que Sócrates quer é que os entrevistadores sejam apenas um eco da mensagem que pretende transmitir. Por isso interpela os jornalistas, inverte os papéis, e desata a desfiar o rosário da sua propaganda política. No seu discurso, o chefe do executivo repetiu, repetiu, repetiu, até à exaustão, o que tem vindo a dizer nos últimos meses. Fez a apologia do governo, entoou loas à sua acção messiânica e elegeu-se o paladino da democracia e o garante do bem estar dos pobres e necessitados. A propósito do caso Freeport uma vez mais vitimizou-se e prometeu resistir ao putativo assassinato político de que pretensamente está a ser alvo. Sobre Cavaco Silva e o fim da convergência estratégica negou desentendimentos e reafirmou a cooperação institucional. Quanto às medidas de combate à crise, com excepção do anúncio da extensão do subsídio a mais quinze mil beneficiários, pouco mais adiantou às que têm vindo a ser anunciadas semana após semana. Pouco, muito pouco para fazer face às inúmeras dificuldades que cada dia que passa crescem no seio das famílias portugueses. José Sócrates foi hoje, como tem sido no último ano, um mestre de dizer o vazio com belas palavras. Mais um animal retórico do que um animal político.
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