A realidade quotidiana das escolas portuguesas é o exemplo típico de um tema que anda nas bocas do mundo. Toda a gente presta depoimento, manifesta pronta opinião. Maioritariamente negativa. Algumas vezes, com acerto. Outras, nem por isso. Os alunos não aprendem, os professores não ensinam, os pais não cumprem com as suas responsabilidades. A tutela, por seu lado, decidiu travar o seu quixotesco combate. Armou-se do elmo, da armadura, da lança e da espada, montou o seu rocinante de crina eriçada e – sem ouvir as prudentes palavras do seu gordo escudeiro – partiu ao encontro do infame. Este tem um nome e um rosto: chama-se professor e anda pelas ruas da amargura. No decurso de dois anos viu-se transformado num bandalho. Dasautorizado, vilipendiado, sucessivamente objecto de múltiplas agressões (as mais graves sob a forma de decretos-lei e portarias que ao diabo não lembraria) vai rodopiando ao sabor das rajadas que de todo o lado sopram a sua fúria. A par do funcionário público, que ele também é, transformou-se num ápice, nos dias de hoje, o judas que nenhum cristão ama, o judeu que nenhum nazi preza, o bode expiatório da nossa menoridade cívica e política. De longe, o prudente escudeiro observa o seu amo e exclama: “Triste figura, eram só moinhos de vento!”
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