quinta-feira, outubro 17, 2013

funcionários públicos: finalmente pobres e finalmente poucos.

O ataque, enraizado no ódio, aos funcionários públicos (FP) não são, como se sabe, uma característica exclusiva deste governo. No entanto, foi com o executivo de Pedro Passos Coelho que esse ódio e esse ataque eclodiram com uma violência injustificada num regime democrático, tendo sido assumidos como fazendo parte de um programa ideológico que se alicerça numa só palavra: austeridade. Toda a gente já percebeu que o programa de assistência financeira a que estamos submetidos – curiosa assistência, porquanto se trata de assistir um doente tornando-o quase moribundo – assente no dogma da inevitabilidade da austeridade, não implica somente uma hipoteca da nossa soberania, implica paralelamente uma narrativa moral de que só temos aquilo que merecemos e, consequentemente, a inevitabilidade de um empobrecimento generalizado da população, sobretudo das classes média e baixa da nossa sociedade. Sendo que os funcionários públicos engrossam, na sua quase totalidade, as nossas classes média e baixa, no final do estafado programa de assistência financeira a sigla FP deve ser lida em dois sentidos em simultâneo, a saber: finalmente pobres e finalmente poucos. Estaremos então perante a concretização do objectivo ideológico deste governo: um estado mínimo e anémico, fortemente policiado, à mercê da rapina e do açaime do capitalismo desenfreado que ditará as leis que mais convêm à sua insaciável avidez. E assim regrediremos umas décadas até um tempo de que só valeria a pena lembrar para que não nos esquecêssemos do longo e árduo caminho para a democracia que fizemos como povo.